A regressão hipnótica de idade requer que o terapeuta use a hipnose para facilitar ao cliente voltar, experiencialmente, aos tempos anteriores de sua vida. Isto pode acontecer através de vários graus de intensidade para o cliente, dependendo do talento do cliente para a regressão de idade, a qualidade da indução e o trabalho de transe, e o grau de resistência de regredir do cliente. Enquanto a hipermnésia refere-se a uma recordação intensa, a regressão de idade refere-se ao reexperienciar, ou seja ver-se de novo nas inúmeras experiencias já passadas e que agora as quer reviver.
Milton Erickson definiu a regressão de idade como uma tendência de uma parte da personalidade de voltar a uma forma de expressão que pertenceu a uma primeira fase do desenvolvimento.
Se de fato ou não as verdadeiras regressões de idade voltam para um funcionamento anterior de modos cognitivos e afectivos, esse é o tema de um considerável estudo que tem sido feito, mas com as conclusões da maioria dos experimentos onde se diz que isto não acontece.
Essas regressões, caracterizadas por percepções e julgamentos apropriados da infância, são referidas como revivificações. Elas são diferentes de outras regressões de idade que são mais como hipermnésias, onde o paciente responde à experiência com atitudes e julgamentos da idade cronológica presente.
Para Weitzenhoffer, essas respostas posteriores são vistas como conceituações adultas da infância, e a elas as chama de pseudo-regressões de idade. Alguns pacientes manifestam o que Weitzenhoffer refere como um fenómeno de dualidade. Nestas situações, o passado é vivido experiencialmente através de uma dualidade, perspectivas simultâneas da infância e da vida adulta. Weitzenhoffer critica essas experiências como sendo regressões incompletas.
Há um mito entre alguns terapeutas que usam a regressão hipnótica de idade com clientes após trauma que uma pesada e histérica catarse é desejável para o seu próprio bem. Justamente, reexperienciar um evento negativo do passado ajuda pouco a pessoa.De acordo com Yapko (1986, 1990), o ego auxiliar é manifestado justamente na perspectiva vigente e precedente. Porque esta parte do indivíduo traz para a regressão de idade experiência de grande visão ou maturidade psicológica, e a pessoa pode usá-la com muito mais vantagem. Os clientes podem ganhar novos insights, rever diferentes lados de memória, ou redescobrir habilidades reprimidas num contexto emocional seguro.
De acordo com Beck, Rush, Show e Emery (1979), a modificação de velhas aprendizagens é outro caminho para usar a regressão de idade terapeuticamente, ao mesmo tempo que requer pelo menos algum envolvimento das faculdades de cognição, de síntese, de integração, do teste de realidade, do julgamento do ego adulto durante a fase do trabalho hipnoterápico.
Por exemplo: clientes podem acalmar super personalizações ("Eu devo ter sido realmente uma criança má para o pai ter sido tão doente / bêbado / cansado / irritado todo o tempo".); pensamentos mágicos ("Meu irmão mais novo ficou doente e morreu porque naquele tempo quando ele chorava toda noite eu desejei que ele morresse".); e assim por diante.Às vezes há situações onde, quer de forma inesperada ou intencional, os clientes regridem tão directamente que o terapeuta não encontra nenhuma lembrança do adulto ou do ego observador.
Clientes podem reexperienciar eventos como se estivessem acontecendo novamente e perderem a consciência do presente. Algumas vezes isto pode ser bom, especialmente se o cliente está imerso numa experiência emocional e positiva do passado, ou se o cliente reorganiza bem depois a dor da regressão e é capaz de lucrar terapeuticamente. Os clientes severamente traumatizados, com egos fracturados ou clientes perturbados com egos enfraquecidos podem ficar mais vulneráveis a este tipo de regressão vivida, sem ao mesmo tempo ter habilidades para integrar construtivamente as experiências.
Ocasionalmente, as regressões sem o acompanhamento do ego observador, aquelas onde a pessoa perde a consciência, não são boas, e a pessoa sente medo, fica desorientada, e é traumatizada novamente. Essa pessoa não pode ligar com a experiência produtivamente, ou pode ter sequelas negativas e demoradas, e dias ainda depois. É sempre o contexto que determina se é ou não indicada a estratégia terapêutica hipnótica, e não o problema presente ou diagnóstico. A personalidade, a elasticidade, a aliança, a presença ou ausência dos sistemas de suporte e assim por diante são alguns dos factores variáveis para decidir se a regressão de idade é ou não a intervenção escolhida.
Terapeutas necessitam de diferentes parâmetros nessas instâncias onde há um grande risco de uma desorganização através da regressão. Esses parâmetros incluiriam períodos pequenos de transe, mais diálogos durante o transe, mais recursos construídos antes do transe para que o cliente possa reestabilizar rapidamente ou sair da experiência.
Um outro modo de garantir um lugar seguro e confortável para o cliente no transe envolve levar a pessoa, primeiro, para um lugar do seu passado onde ela se sinta salva, invulnerável e protegida. Relembrando o lugar e se abrigando nele, o cliente aprende a ter um local seguro para o qual ele pode entrar para resgatar sentimentos de segurança por um momento, sendo capaz assim de sair de forma clara de uma experiência mental desconfortável.
Para isso Weitzenhoffer (1989) recomenda a colocação primeiro para o transe com o cliente de um sinal não verbal que servirá para reorientar a pessoa se o rapport é perdido durante o transe ou se o cliente sente que ele perdeu o controle da situação. Ele oferece a ideia do terapeuta apertar o ombro direito do cliente como um exemplo de tal sinal.
Dolan (1991) também discute a importância de fixar "deixas" associadas para os clientes com o propósito de conforto e segurança para que eles possam regressar espontaneamente do trauma, tão bem quando a importância de fixar símbolos para a segurança no presente.
Durante anos a regressão de idade tem sido pesquisada e muitos casos de estudos reportados. Os casos de estudo são baseados no ponto de vista do examinador com os impressionantes resultados dos clientes.
Uma área de debate na literatura experimental diz respeito à questão da extensão efectiva que uma pessoa é de facto, psicologicamente, cognitivamente e emocionalmente, transportada para trás no tempo durante o trabalho hipnótico da regressão de idade. Há um grupo grande pessoas que acredita que o cliente retorna ao passado, enquanto outro grupo acredita que o cliente durante a regressão de idade experimenta alguma coisa que é emocionalmente importante, da perspectiva do presente, e não retorna ao nível de funcionamento do passado.
Um outro debate é se as memórias relembradas durante a hipnose são precisas. O autor não entra no mérito da questão. Loftas e Yapko (1995) notificam que até a presente data, estudos não demonstram a validade de memórias reprimidas de abusos da infância.
E a literatura aponta pouca ou nenhuma evidência de que memórias perdidas possam ser recuperadas durante a hipnose. Embora a catarse de certas desordens traumáticas sejam importantes, a veracidade das mesmas não são levadas em conta.
Clientes podem construir uma memória incerta (não verdadeira) durante a hipnose e acreditar nela. Assim, a crença do cliente em suas memórias não tem correlação positiva com a validade. Certas perguntas que os terapeutas fazem aos clientes durante a hipnose podem guiá-los ao desenvolvimento de falsas memórias. A questão não é perguntar, mas como perguntar.
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