Corydon Hammond (1993) é a favor de se considerar válidas muitas memórias recordadas, mesmo as lembradas durante o transe hipnótico. Ele critica as pesquisas que apontam que memórias recordadas não são verdadeiras e que as pessoas não podem distinguir entre memórias verdadeiras e falsas. Acha que o resultado se deve à análise de pessoas "normais" e não pessoas com memórias traumáticas. Acha mesmo que as pessoas lembram mais de detalhes do que de um evento todo que ocorreu. Ele acha que as memórias traumáticas vem de uma forma diferente e não de uma maneira regular como as não traumáticas.Hammond ainda acredita que por melhor que sejam as condições terapêuticas, falsas memórias podem vir e o cliente acreditar nelas. O que é clinicamente relevante, é o jeito como o terapeuta pode ajudar ao cliente fazer progressos não importando se é real ou não, ou como o terapeuta e o cliente podem fazer uso das memórias de uma maneira tal que não dependa da sua veracidade.
Orne (1979) acredita que não se deve hipnotizar pessoas para recordar sobre crimes, porque o cliente hipnotizado pode dar falsas informações com a convicção tal como se fossem verdadeiras. E além do mais fala que a hipnose forense deve ser respeitada como uma área especializada e que requer treinos especializados.
Orne (1979) acredita no uso da hipnose forense por terapeutas especializados para tal, com as sessões filmadas, e que não tenham perguntas guias.
O facto de memórias falsas serem criadas durante o transe, e os clientes poderem acreditar nelas com convicção, é uma importante descoberta para os terapeutas. Isto também fala da plasticidade da memória e a experiência do ser humano e sugere possibilidades de utilizações. É um dos exemplos de Milton Erickson com o caso "O Homem de Fevereiro". Neste caso a hipnose foi usada para ajudar a uma mulher a sentir-se como tivesse sido amada desde a sua infância, através de um tipo de implantação de memórias benignas no seu passado. A revisão da história pessoal dessa mulher foi feita através da regressão de idade, através de algumas sessões. A mulher falava durante a regressão, as pequenas experiências de cada dia que ela estava tendo como criança. Erickson ouvia de maneira centrada, para que ela internalizasse o seu carinho. Quando Milton Erickson deu-lhe a amnésia para o trabalho hipnótico esta mulher pode se sentir bem com ela mesma, amada e amável.Uma das elaborações da técnica de regressão de idade é de poder usar a habilidade do cliente para evocar amor ou uma figura que lhe dê suporte para reexperienciar o evento traumático em transe com esta figura ao seu lado.
A qualquer momento o trauma pode ser parado, justamente pela intenção do paciente, e toda situação falada com a pessoa evocada hipnoticamente. É muitas vezes útil, se esta pessoa que dá suporte mantém um contacto físico com o cliente em transe, tal como colocando a mão no ombro, ou mesmo segurando a mão do cliente. É também útil se a pessoa que dá suporte comunica importantes mensagens no diálogo com o cliente sobre as experiências desdobradas. Uma mensagem que deve ser dita ao cliente é aquela que fala que ele ou ela não é culpado, etc.
Uma segunda mensagem que pode ser comunicada pela figura que dá suporte é de que a raiva, a ira e alguns sentimentos homicidas que aparecem nas suas circunstâncias abusivas são normais. O terapeuta pode então sugerir que actos destes podem ser diferentes do que é sentido e pensado, possibilitando a pessoa permitir confortavelmente que o sentimento de raiva faça parte de sua experiência. Sabendo que são normais certas reacções de um trauma, permitirá a pessoa não desdenhar alguém ou a si mesmo por uma reacção que ela ou ele teve com a experiência.Simplesmente pelo facto da pessoa ser ouvida ou uma pessoa que lhe dê suporte pode reduzir efeitos pós-trauma. Dolan (1991) fala que estudos mostram que pessoas que experienciaram traumas similares entre si podem se ajustar diferentemente. As pessoas que foram capazes de falar do trauma com pessoas que lhe deram suporte se sentiram mais acreditadas e reagiram diferente das pessoas que não tiveram ninguém. Isto é parte da utilidade da hipnose que pode criar o mesmo feito retrospectivamente, e em situações terapêuticas os resultados são muitas vezes imediatos e impressionantes.
Utilizando esta plasticidade do funcionamento cognitivo humano, nós terapeutas podemos com a hipnose, como Milton Erickson, pensar como propositadamente e terapeuticamente acrescentar histórias pessoais com personagens e experiências que enriquecem o funcionamento presente dos nossos clientes, mas em comunhão com eles. A ideia não é desconsiderar as histórias reais ou os sentimentos dos nossos clientes, mas encontrar um caminho para suavizar o sofrimento mental através da activação de memórias transplantadas que curam, através da hipnose.
Nem todo o ser humano será um bom candidato para este tipo de regressão de idade, particularmente aqueles que precisam de tratar os seus passados mais directamente e colocar os eventos próximos e de forma consciente. Outros clientes podem não ter a habilidade de se envolver numa influência emocional de uma pessoa ou coisa imaginada.
Indicações de uso.
Os usos clínicos da regressão de idade são numerosos e variados. Eles incluem recordação de recursos, investigação do passado, estratégia de indução através da desorientação temporal, a exploração das origens dos sintomas, a abertura de canais para esquecer lembranças e experiências, ab-reação terapêutica, tratamento de amenorréia, reabilitação do pólio, resolução e integração do transe na personalidade.
A regressão de idade frequentemente é usada para ajudar clientes a lidar com experiências negativas e traumáticas que estão comprometendo o funcionamento emocional e social no presente. A segunda maior indicação para o uso da regressão é quando há uma experiência positiva no passado que seria útil resgatar.
A premissa da terapia ericksoniana é a crença no valor de reconectar clientes com os seus recursos que tenham sido usados no passado, ou que existem latentes sem que ainda não tenham sido usados para o presente problema. Exemplo: a hipnose poderia ajudar a um casal que tenha trabalhado através dos conflitos no seu relacionamento mas não tenha ainda resgatado o calor emocional dos seus primeiros tempos de encontro.
Outro uso da regressão seria com atletas que perderam a confiança em suas performances. Também com pessoas deprimidas que são capazes de vivificamente relembrar aspectos de seu passado mas que nunca tenham usado esta habilidade de maneira construtiva. Outro uso seria com fumadores para trazê-los ao tempo em que eles podiam respirar profundamente, e facilmente subirem as escadas, e sentirem o cheiro das roupas.
A regressão de idade pode ser usada para os clientes poderem relembrar detalhes vividos das experiências pelas quais confortavelmente passaram, dos tempos que eles foram capazes de subir, por exemplo, em edifícios altos e se sentirem bem, etc.Aliciando o fenómeno de regressão de idade.
Sugestão directa e indirecta - os esforços iniciais de Milton Erickson para aliciar a regressão de idade eram baseados, inicialmente, nas sugestões directas, as quais produziam resultados inconstantes. Erickson gastava vinte minutos no mínimo para desenvolver este fenómeno hipnótico. Ele declara que esta não é uma questão de comando hipnótico simples e rápido, mas os resultados de um processo psicofisiológico profundo que requer tempo para a organização e o desenvolvimento da resposta padrão.
Em contraste deste, Weitzenhoffer fala que ele tem feito regressões espectaculares com pacientes de sugestibilidade alta usando não mais do que um sinal.
Em respeito à aliciação da regressão de idade, Milton Erickson reportou que sugestões iniciais para a regressão deveriam ser vagas e confusas, iniciando no paciente um senso crescente de incerteza para a situação fenomenológica, e guiando-o através da desorientação, seguida de amnésia para o presente. Isto é então seguido por sugestões indirectas para a própria regressão. A transição mental é de um sentimento, crença, para o conhecimento da experiência regressiva.
Há muitos caminhos para semear o fenómeno hipnótico da regressão. O terapeuta poderia dizer "Carla, enquanto tu vais para trás... profundamente no transe...". Aqui o terapeuta tem, através das pausas, a ideia semeada de ir para trás. Palavras e frases como "retornando", "de volta no tempo", "devaneio sobre um tempo atrás quando..." e "relembrar", podem também ser usadas para semear.
Zeig (1990) conta que Milton Erickson usava como semeadura o ritmo de minar nos seus seminários de ensino. Gostava, antes da indução, de brincar com um brinquedo também como técnica de semeadura para a regressão à infância.
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